segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

CONFISSÕES I

"A morte não é um estado final, é um Império."
Esse texto não será publicado, não será lido, não será percebido. Assim como eu. Esse texto serve só pra que eu não chore, não me sufoque com o ódio que me domina, que me vence. Não me preocupo com marcas de estética nem com aquilo que me apodrece por dentro. Caminho certa rumo à morte em dias vazios, sem história ou legado a deixar. Só aquilo que eu guardo pra mim, dentro de mim a me acompanhar nesse tempo estático. Tudo é igual. Os dias, os lugares, as comidas. Nada me faz bem. Nada me envenena menos. As noites são idênticas. Justo a noite, esta que tanto me atrai, me fascina. Mas as grades da minha cela são feitas de escuridão. O perigo ronda lá fora e aqui dentro também. Foi plantado. Esse ódio grita, exige pensamentos maus (que surgem sem demora), clama por um crime, o derramar de um sangue que não vai justificar nada. Nem minimizar os transtornos. Já cogito trocar minha cela abstrata por uma real. É só o desespero que vê na morte anistia. Não mais eu. Dessa vez fico. Por que me entregar? Nada fica encoberto. A loucura já me contaminou. Minhas mãos são trêmulas, meu paladar é amargo. Meu olfato é fétido mesmo em meio às flores. Detesto flores. Detesto vida. Não posso amar o que me foi negado. Não posso esperar que haja beleza em meio ao caos. A esperança que conheço é verde. Do mesmo tom dos cadáveres em putrefação. Do inchaço pós-morte emana um líquido. É dele que eu bebo. Fui enterrada viva.
Ultraviolet.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

É. E tudo continua, a vida não passa, permanece. Sensações novas, uma velha questão e multidões de mudanças velhas a colorir as visões. A missão é a mesma. A forma de cumpri-la, não. Novos desafios, ocupações de um tempo dupla-face, que eterniza as dores e acelera as possibilidades. As vezes não se pode alcançar o que planeja, mas isso não importa que ainda sim deseja. Ano Novo. Amor velho definha, Amor novo prevê, Amor unilateral não se deixa esquecer. O beijo existe mas não agrada. O Menino não é páreo para o Mestre. Ele ama, este, consuma. Gosto dos ventos do 17° andar: as grandes janelas abertas, todas as mágoas imersas. A nova temporada começa, regida por lugares e pessoas.
Um brinde à queda do domínio das emoções.
Ultraviolet.
"Quanto tempo será que demora um mês pra passar?"