quarta-feira, 15 de junho de 2011

EU FAÇO VOTOS

Eu vejo você diante de mim
Numa correspondência inesperada
E num curto espaço de existência
O Tudo e o Nada numa junção
Totalmente inusitada

E as palavras fluem
Num aniquilar de tempo
Tornando a separação um equívoco
E sem respostas para um passado
Insuficiente em que as partes
Se encaixavam erroneamente

Agora diante do que pode dar
Sentido, o provável, o redimido
Futuro se apresenta sem cerimônia
Corre ligeiro, com pressa de viver
O que a alma busca em lágrimas

Eu faço votos que seu amor
Siga o doce de sua voz
Compassada e a malícia
Dos seus olhos em noite

E o jogo delicioso que se
Anuncia dê espaço para
Os segredos e medos
Que nos assolam de dia

Eu faço votos para que haja
Espaço para regras
E que tudo enfim
Não se acabe em tragédia.

Ultraviolet.




domingo, 12 de junho de 2011

Quando Brunhild e Siegfried morreram queimados sob o fogo de um amor trágico, os deuses choraram. E da junção das cinzas e das lágrimas surgiu uma criatura, que em si coexistiam as qualidades de ninfa, guerreira e mulher – Liandil era o seu nome. Assim que renasceu, logo em seus primeiros passos subiram da terra galhos espinhosos que formaram em seu redor uma cápsula que a aprisionava. Então, veio da floresta uma feiticeira travestida de bondade, e com aparência de fada, mas coração de bruxa seduziu Liandil e prometeu cuidar-lhe e livrá-la dos fortes galhos que a cercavam. Levou-a para a sua caverna, onde através de encantamentos deixou invisível o casulo de Liandil (ela não o via mais e pensava estar livre). Mas na verdade ainda estava atrelada a bruxa má, obcecada por ela. Sempre que tencionava sair da caverna, a bruxa puxava o casulo por cordas e Liandil mesmo sem o ver, sentia as dores dos espinhos que magoavam a sua carne. Mais que isso: a bela moça privada de sua liberdade começou a entra em um sono confuso e perdeu seu brilho. Passava dias olhando perdidamente as paredes da caverna e sonhando com as cores da floresta. A ninfa estava se apagando, e de toda a sua doçura juvenil, pouco restava. Então, apiedado da pobre menina, do segundo céu desceu um arcanjo e entregou a Liandil um livro (ora, o primeiro céu era o dos deuses, o segundo dos anjos, o terceiro do Deus uno) onde ela passava os dias estudando em segredo a Magia Profunda e através dela pôde libertar-se do julgo dos galhos e assim, vencer o controle da bruxa. Por piedade, a bela Liandil não matou a feiticeira e sabia que seria mais doloroso a esta ver sua vida livre e feliz. O ódio e o remorso a consumiria em breve. Liandil livre deixou para trás aquela caverna, aquela floresta e correu por todos os mundos, conhecendo cada detalhe e vivendo intensamente seus momentos de excitação e calma, agitação e sossego. E dessa forma, livre e experimentada na tristeza e depois, tendo descoberto a real felicidade, finalmente tomou forma e fez-se mulher. A ninfa era agora inteira e sábia. Não era apenas poeira, tornara-se a própria estrela.

Ultraviolet.