segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Ela matava o tempo imaginando histórias para os desconhecidos que passavam pela rua. “Aquela de vestido roxo com corte de cabelo moderno e óculos legal deve ser descolada. Parece popular, será que é feliz?” Como chegou mais cedo onde devia e não gostava de atrair olhares em virtude de seu ócio, relia mensagens antigas no celular. Até as mais inspiradas já não lhe causavam emoção. Era somente um ato mecânico, sabia o próximo passo. Pensou no quão difícil era ser previsível. Sim, saber-se vigiada já lhe trazia constrangimento, revelada então, desnuda ante olhos especialistas, a sensação chegava próximo ao pânico. Mais que depressa balançou disfarçadamente a cabeça, talvez as idéias feias se desprendessem. Olhou envolta, não mudou a fisionomia. As mensagens já não interessavam mais. Um minuto, um olhar, paredes brancas, quadro cafona, anti-sala pequena, cadeira dura, revistas velhas, cesto de palha no chão. Relógio marca mais um quarto de hora. A recepcionista atende mais um telefonema com uma irritante cortesia. É, até pra ser legal com as pessoas tem limite. Educação demais fica chato. Ou talvez fosse só ela infectada pelo atraso alheio, produzindo venenos insípidos. Um rangido entrecortado. Expectativa. Um chamado. Alívio.
Uv.

3 comentários:

  1. Meu vc escreve mto bem!
    Lendo seu post, algo me chamou atenção:
    realmente, até educação tem limite, cortesia d+ eh chato msm... '--
    Adoro seu blog, sempre q posso passo por aki
    ;)

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  2. Uv!!!
    Milênios que eu nao venho por aqui.
    O mundo é polido demais... Tanta educação soa algo falso, algo mecânico mesmo.

    Nunca canso de voltar aqui e ler, ler muito o que voce escreve.

    Beijos.

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  3. Que insanidade, tanto no modo de escrever, qnto a posição de post!!!

    Muito bom o seu texto !!!

    http://dupladameianoite.blogspot.com/

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