sexta-feira, 28 de maio de 2010

ANULAÇÃO POR ACRÉSSIMO

Eu voltei, e você não estava mais. Eu cheguei, e você foi embora. Triste fado, grande gafe, não funcionou nossa válvula de escape. Quando eu era névoa inóspita você me buscou e por tantas vezes desejou a junção fatal. Mas eu era espectro imaterial, indiferente a sua vontade. Eu flutuava em outras dimensões, habitava outros corações, enquanto você me oferecia o seu bem ao meu alcance. Agora, retomando a forma, me materializo perante você. Coloco meu corpo ao dispor do teu desejo, deixo que você aprecie todo o gosto dos beijos. Não funciona como deveria. Talvez nosso tempo já tenha passado ou até nem tenha chegado. O encanto se quebrou. Eu não quero viver um amor adormecido, molengo e inconsistente. Você pulou fora na hora certa. Então continuarei só, vagando por espaços que não me cabem. Nem tudo é como queremos.
Ultraviolet.

sábado, 15 de maio de 2010

Do dia 20 ao dia 15 sem palavras. A única lembrança é o teu suor que ardia meu rosto. Nada mais. Nenhum motivo de alegria. Nenhuma nota de dor pra quebrar a monotonia. Nada. Nada é enorme. Do tamanho do grito que eu engulo todos os dias. Do teor do ar tóxico que me sufoca. Do número de palavras que eu não pronuncio. Da beleza da letra que eu mesma não compreendo. Da transparência da inspiração que eu não tenho. Do limite que eu não enxergo. Do sentido que inexiste. Do meu eu cada vez mais vago. Do meu verso em frangalho.
Ultraviolet.