sábado, 5 de março de 2011

Uma estrada sem curva, sempre constante, difícil de medir. Do destino, não sabia se perto ou distante. Por ela caminhava. O referencial enganava. E fazia sol de dia, e luz branca à noite, e os ventos sopravam frios, e a chuva molhava a terra, abafava o ar. Às vezes as forças faltavam. Não tinha perspectiva de chegar a algum lugar. Tudo era muito igual. A passagem contaminava a visão. Mas continuava. Mais um pouco em busca do irreal. Imaginação criava fatos. Desejo confundia vontade. E a estrada se mantinha soberana imutável. Sempre em frente, sempre terra, sempre nada, sempre o caminho para o que se espera. Senta. Levanta. Mais um pouco. Visão estática. Mente cauterizada. Há saída? Pra onde? Alguém espera? Por que tão reta?
...
Ele queria a sorte de andar pelos vales, sentir a carga de hormônios liberados ante a próxima curva. Estar no alto. Olhar pra baixo. Sentir pequeno no lago. Ser rei nos ares. A estrada reta não lhe traz sentido. E esse silêncio castiga os ouvidos.

Ultraviolet.

Um comentário: