sexta-feira, 10 de julho de 2009

Dia escuro como as sombras que pairam sobre sua cabeça enquanto espera o lento rastejar do tempo. Lá fora, as ruas queimam sob um céu vermelho sangue, dando a impressão de que nada pode resistir sem marcas. A espera toma conta de tudo – tudo que não passa de um grande nada. Vazios frios e gélidos, como daquelas cavernas úmidas de paredes azuladas, em que se diz “oi” e ouve-se o eco. Não era bem isso que sentia, mas algo teria de ser cogitado, pra saber-se viva. A inércia em grau máximo anula os sentidos. Nada racional pode parecer lúcido. Nada lúcido faz doer menos.
...

Ela tirou uma chave dos bolsos que não abriria sua porta. Caminhou lenta enquanto calculava rápido. “Quanto vale tudo isso que eu não tenho?” Olha pra frente: vêm carros na contra - mão, vêm anjos pra afastar a escuridão. Vem chuva pra inundar o seu verão. Ela não sou eu.

3 comentários:

  1. Sem dúvida um dos melhores textos que já li em blog, a maioria são todos clichês e não autênticos...

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  2. Adorei! Gostaria de conseguir escrever asim!
    Deve ser uma delícia!
    beijos

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