domingo, 19 de julho de 2009

Ouvindo ritmos do oriente me juntei a você em pensamento. Lembrei sim, e quase pude ver denovo sua cara faceira quando chegava em minha casa e pedia pra tocar as músicas do mediterrâneo, e então se jogava no sofá e deixava-se levar pelos acordes do santuri. Naquela hora se transportava... mas logo voltava e me tirava pra dançar, uma dança meio louca, tanto quando frenética, que sempre acabava no chão, entre risos e juras de amor eterno, sempre interrompidas por um beijo incompleto. Eu gosto de você, e talvez nem seja por seu gosto incomum nem seu modo autêntico de ver o mundo, dando ao meu, cores reais. Talvez seja porque você em mim é muro, como aquele que dividiu a Alemanha em duas: a próspera e a caótica, e porque você não me reprova por eu ser assim bipolar. Você tem alma de artista, e quando estou ao seu lado não tem meio termo – é comédia ou tragédia – você nunca deixa ficar em cima do muro! Muito vivo, muito intenso, não sei o que achou de tão interessante em mim, tão cinza e boba. Talvez você goste de procurar as belezas escondidas em meio ao caos. Lembra quando a gente queria ir nas férias pra Argentina? Passamos a noite toda conversando e fazendo planos, e por fim, acabamos acampados naquela cachoeira aqui perto mesmo. E apesar se ser assim inconstante, eu gosto de você. E quando olha nos meus olhos de mangá, enxerga minha alma. E não se importa por eu ser dependente de papel e caneta e sabe que “em mim há muitas mulheres e algumas ninfetas”. Nossa sintonia é perfeita, e apesar de tudo, não seremos dois velhinhos fofos que caminharão de mãos dadas pela praça, pra aproveitar o sol da manhã. Entre nós há algo profundo, e somos autênticos demais pra nos tornamos comuns. E esse é seu grande pavor. Então em acordo abrimos mão dessa convivência diária e prolongada, e é aí que percebo que a sua ausência em mim funciona como uma auto - deleção. Lembra da parte caótica? Agora sou toda ela. Não somos um casal e talvez nunca seremos. Mas nunca é uma coisa muito concreta, quero algo mais variável. Quero você vulnerável, pra que eu possa cuidá-lo e então talvez você perceba que precisa de mim, tanto quanto eu preciso de você. Vamos fazer outro acordo: fica comigo só essa noite e depois só naquelas que forem escuras. Eu sei que você vai rir dessas minhas idéias escusas, e não me importo, porque me delicio com suas gargalhadas. Enchem meus ouvidos, onde são transformadas em ondas de satisfação que percorrem meu corpo. Eu adoro a sua voz. Eu te amo, não quebra esse o elo. Você me levou ao paraíso, não me deixa agora no inferno.
Ultraviolet

4 comentários:

  1. Não consigo não me importar, com o que as pessoas vão achar do que eu escrevo!
    Legall o texto!

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  2. Nossa, lindo teu texto!

    beeijo!

    Luciana

    http://tdagora.wordpress.com/
    http://www.twitter.com/lucianamangas

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  3. Uau Utraviolet!
    Superando-se cada vez mais.
    Não sei porque, mais eu consegui imaginar uma trilha sonora para o seu lindo texto. U2 é claro!
    Talvez "Fez-Being Born" ou "Magnificent".
    Sempre é um prazer passear por suas linhas.

    Beijo

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  4. Viva o poeta da modernidade, a poetisa por assim dizer, aí tem uma estória toda, com começo meio e fim, e escrito de forma linda, seu estilo é maravilhoso.

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