Eu, na luz espectral da noite, deitada sobre a cama arrumada e vazia, ouvindo a chuva intermitente lá fora. Em mim arde a vontade, aquele desejo que não passa, a carícia somente a ser lembrada. Penso em tudo isso entre contorções, risos á meia boca e seu nome aos lábios. Encenar minhas fantasias torna-as mais reais. Todas vêm a mim, menos você. Tudo se materializa em volta, menos você. E a chuva não para, essa chuva que tanto lhe agrada. Talvez porque saiba que você em mim é tempestade – aconchego, conforto, força, medo. Ah! E eu me jogo! Eu me molho! E na ânsia de te encontrar em mim, mergulho meus dedos nesse néctar doce. Levo-os á boca em seguida. Mantenho minha essência. Mas preferia a sua opinião. Prefiro a sua língua entre meus lábios [grandes e pequenos] e seu abraço a me acalentar. Os seus olhos lêem os meus, suas mãos têm destino certo entre meus cabelos. Toque-me. Não irei rejeitá-lo. Traga a mim um pouco do calor do teu corpo. Prometo devolver-lhe em medida apropriada: fogo ou água.
Ultraviolet.