quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Três da manhã. Abre os olhos e em seguida aperta as pálpebras novamente. Tem medo. Pode ver clarões em meio à penumbra. As presenças perturbam. Reza o Pai-Nosso 7 vezes. Agora pode fechar os olhos por outra razão que não o medo. Dorme um sono tranqüilo. As sombras de foram. A manhã chegou chorosa. Dia triste, com águas a lavar as faces e sujar os vidros. A dor nubla a visão. A palavra execrável foi pronunciada, desencadeando constrangimento. Continua a caminhar. Já não pode ficar aonde está, e também não tem para onde ir. Triste sorte da flor que brota entre espinhos. Linda. Solitária. Inacessível. O outono a trouxe ao mundo. Precede o verão, antecede o inverno. Nunca conheceu a primavera. Não está disposta a renunciar seus desejos de quimera.
A dor pode ser uma forma de prazer.

Ultraviolet.

6 comentários:

  1. Que texto lindoooo...Muito bom mesmo, surpreende no final e tudo faz sentido...Parabéns e obrigado pelo comentário.


    http://www.surupanganews.blogspot.com/

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Obrigada pela visita.
    Seus textos são tantatos por isso ainda procuro aquele que vc me indicou.

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  4. Esse é o tipo de drama que me encanta, adorei seu texto.

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  5. Sério, seus textos são perfeitos!
    Ultimamente estive fora, então volto agora pra ler as coisas lindas que você escreve.
    Até a dor, pode tornar um acontecimento simples em algo intenso, vívido. E você faz isso perfeitamente!
    Parabéns mais uma vez. (:
    www.vanessafunnygirl.blogspot.com

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