E quando eu percebo que
o fim está próximo, realmente desejo que tudo termine logo. Um dia, eu sonhei
com você, no outro me apeguei, agarrei, chorei. Me apaixonei. Mas um dia a
paixão acaba, parece que aquela fase passa e você consegue esperar. Eu consigo
esperar agora, só não sei se vale a pena. As certezas se perdem, quando tudo
que você acredita fica distante. O frio às vezes, congela as expectativas. E tudo
fica intacto, imutável, sem perspectivas. Eu vejo boas novas em outros lugares,
não em você. As melhores novidades não incluem você. Triste esse fim de pesar
na balança um relacionamento ou uma viagem internacional, e no fim, ainda sair
em dúvida. A dúvida surge quando o amor adoece. Eu espero, esperava, continuo
esperando em todos os tempos verbais a sua chegada triunfante, como você pode
se mostrar, não como é. Busco a força, e não encontro em você. Muito triste
isso, muito triste essas palavras, essas linhas, esse texto, porque eu te amei.
Talvez eu ainda te ame, mas já não sei. Busco coisas que não teria que ter se
você me bastasse. Vejo sua distância sem maldade, sabendo ser incompreensão. Compreendo
você não me compreender, mas isso pode? Não quero carregar nas costas a
responsabilidade de um amor mais construído do que compatível. Preciso dividir,
e por mais que a sua cama seja tão acolhedora e aconchegante, é só mais um
lugar de sono, porque os seus braços já me parecem estranhos. Os seus beijos
não tem gosto, mas eu ainda sinto bem no seu abraço. A intimidade, antes tão extasiante,
agora dói. E nada acusou no exame. Então o problema está entre nós. O quebra
cabeça sofreu alterações, as engrenagens não se encaixam mais como antes. O
nosso amor tem sofrido avarias. E nada mudou, o psicólogo não achou, o
exercício não resolveu, e o peso nos ombros persiste. Só a cabeça funciona. Sim
essa não para, na sua eterna maratona de conjecturas. Sempre montando “se’s”.
Sempre pensando o que não existe como sendo bom. Sempre avaliando a realidade
como “insuficiente”. Fui reprovada na prova das compatibilidades de sonhos. Talvez
não nessa matéria. Os sonhos podem ser os mesmos, a incompatibilidade está na
capacidade de busca-los, torna-los reais. Aceito reclamações, só não aceito
letargia. Posso entender a doença, mas não entendo não tomar o remédio. É tão
barato, porque não? Questiono demais, preocupo com o que não é da minha conta,
e sempre imagino as pessoas me vendo como aquilo que eu gostaria de ser, não
como eu realmente sou. “A norma como “dever ser”.” Síndrome de Kelsen ataca. Se
eu contar isso para um profissional, ele não vai saber do que se trata. Mas
deixa, não tomarei nenhuma decisão nem agora, nem nos próximos dias. No fim das
contas, sempre chego á conclusão de que só estou cansada e preciso dormir. É uma
armadilha.
Ultraviolet.
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